Ensaio escrito para a matéria de Jornalismo Cultural:
Com o sucesso da primeira temporada
a Netflix lançou “Stranger Things 2”, o nome veio de uma tentativa de uma
continuação mais cinematográfica que televisiva para a série. Nessa temporada, a
trama se passa quase um ano após os acontecimentos da anterior, a cidade de
Hawkins continua com seus mistérios, dessa vez todas as abóboras das plantações
apodreceram do dia para noite sem nenhuma explicação, mas com uma nuvem de
moscas pairando sobre elas, a história parte desse problema inicial por estar
próximo ao Dia das Bruxas e dele são desencadeados os acontecimentos dos nove
episódios da série.
Respondendo às perguntas deixadas
pela primeira temporada, o roteiro de Stranger Things 2 reafirma a ideia dos
criadores, roteiristas e diretores, Matt e Ross Duffer, e pelo
produtor-executivo e diretor Shawn Levy, de criar uma atmosfera mais
cinematográfica, é possível perceber os três atos em que nos primeiros
episódios os personagens reencontram-se e começam a perceber a ameaça (o Monstro das Sombras), já na metade começam a surgir
os conflitos e nos dois últimos a turma de protagonistas dos anos 80 começam a
trabalhar para uma resolução.
Por conta dessa sucessão de
acontecimentos é possível acompanhar a série em um ritmo moderado, não são
passados para o telespectador em um ritmo tão rápido aponto de atrapalhar a
compreensão e nem em um ritmo tão lento que faça com que haja uma desistência,
Stranger Things 2 consegue fazer com que a trama vá acontecendo de uma forma com
que os personagens consigam ser mais aprofundados e desenvolvidos, mesmo
aqueles recém inseridos como os irmãos Max (Sadie
Sink) e Billy (Dacre Montgomery), o inteligente Bob Newby (Sean Astin) e o
jornalista Murray Bauman (Brett Gelman), todos eles conseguem
um espaço para crescer entre as ameaças do Mundo Invertido e os conflitos do
meio mundano.
Em relação ao desenvolvimento dos
personagens, podemos ver mais sobre Will Beyers (Noah
Schnapp) e a sua relação com o Mundo Invertido depois de sua abdução. Nessa
temporada, Will passa a ser hospedeiro para o Monstro das Sombras, por essa ligação
ele passa a ser crucial para a história já que é por meio dele que diversas
ligações necessárias são estabelecidas, mesmo com a exigência pelo destaque do
personagem Noah Shnapp não decepcionou e mostrou uma atuação surpreendente.
Conseguimos
ver também um pouco mais sobre a história da Eleven (Millie Bobby Brown), mesmo
mais distante dos acontecimentos principais, a personagem está em uma jornada a
parte de autoconhecimento que revelará uma importância maior no final da série
mostrando como cada acontecimento, inclusive aqueles que passam uma importância
menor, são necessários para a trama como o episódio exclusivo para o encontro
entre Eleven e sua irmã, Kali (Linnea Berthelsen), criticados por muitos como
desnecessário, mas que mostrou que o encontro das duas irmãs de laboratório era
algo pelo qual Eleven precisava passar para o que aguardava a personagem no
final.
Além da
atenção para os personagens a série traz inúmeras referências – Caça-Fantasmas,
Aliens - O Oitavo Passageiro e O Resgate, Conta Comigo, Gremlins, E.T. O
Extraterreste, Os Goonies, It - A Coisa, Contatos Imediatos do Terceiro Grau, A
Garota de Rosa-Shocking, o Ataque dos Vermes Malditos, o Exorcista, Harry
Potter, O Senhor dos Anéis – tudo planejado pelos irmãos Duffer e Shawn Levy
para acrescentar a história somado ao ambiente dos anos 80 e a Guerra Fria,
tento um efeito quase nostálgico sobre quem assiste.
A
contribuição de Shawn Levy como produtor da série é positiva, podemos ver como
a direção de Shawn contribuiu para que todos os objetivos dos criadores fossem
alcançados, o diretor trouxe muitos de seus trabalhos para a série como a
franquia Uma Noite no Museu, podemos ver elementos dela como a mistura dela
entre a comédia e o suspense e também o modo fácil como ele trabalha com
crianças que se assemelha com a sua direção em Doze é Demais, o que revela que
a escolha por Levy foi muito sensata.
Combinando
a direção e produção com a fotografia e trilha do filme temos um resultado surpreendente.
O modo com que as câmeras trabalham misturado ao figurino e os tons
avermelhados e sombrios lembra muito os filmes dos anos 80, há um suspense
feito em horas especificas com uma trilha ao fundo com velhos clássicos como
Cindy Lauper, The Police e The Clash que garante bons sustos durante a série.
Para trazer a fantasia para a série, podemos perceber uma atenção maior ao CGI
com efeitos visuais ricos em detalhes que mostra que foram muito melhor
trabalhados que na primeira temporada.
Em
contrapartida, ainda há perguntas deixadas pela série que
esperamos que sejam respondidas na próxima temporada, ainda não sabemos onde
encontra-se o vilão Dr. Martin Brenner (Matthew Modine) e não sabemos ainda o
posicionamento do Dr. Owens (Paul Reiser), também resta a dúvida sobre as
outras crianças do Departamento de Energia, se Kali conseguiu escapar do
laboratório, talvez outras crianças também tenham conseguido. Outro personagem
que nos deixa com perguntas é Steve (Joe Keery), com o desenvolvimento dele
resta saber se ele estará ou não na próxima temporada, muitos esperam que sim.
De
qualquer modo, a segunda temporada de Stranger Things deixa uma sensação de
dever cumprido, uma série bem produzida e que mesmo sendo uma proposta nova
mantém uma fidelidade as suas origens, traz bons efeitos visuais, belas tomadas
abertas e um enredo que além de causar curiosidade para a próxima temporada passa
uma conformidade pela forma com que terminou. A terceira temporada ainda não
tem data de lançamento, mas a expectativa já está alta, só nos resta esperar.
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